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Clippings - 31/07/23

Sulnorte busca expansão em segmento dinâmico e competitivo

Divulgação Sulnorte

Empresa, que completa 45 anos, projeta crescimento associado principalmente às exportações agrícolas. Grupo tem planos de ampliar frota de rebocadores e estuda direcionar estaleiro em Sergipe para descomissionamento

A Sulnorte Serviços Marítimos completa 45 anos este ano. A subsidiária do grupo H. Dantas, fundada em 1978 em Barra dos Coqueiros (SE), fez sua primeira operação naquele mesmo ano em Salvador (BA), com dois rebocadores. De lá para cá, a empresa abriu filiais no Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS) e passou a operar na região Norte, além de ampliar a frota para 26 embarcações. Apesar do mercado de apoio portuário do país passar por transformações tecnológicas e por uma expansão da infraestrutura nesse período, a Sulnorte avalia que o ingresso de players internacionais no mercado brasileiro de rebocadores trouxe uma dinâmica diferente para a atividade.

Em um curto espaço de tempo, houve uma vertiginosa expansão das exportações agrícolas e as empresas de rebocadores precisaram se ajustar para competir com fortes concorrentes e atuar com grandes operadores. Na visão da Sulnorte, esse movimento acabou exigindo das empresas que já atuavam no Brasil uma ‘reinvenção’, desde a forma de comercializar o negócio até a apresentação dos serviços aos clientes, redefinindo estruturas e processos. Outro efeito percebido foi a necessidade de internacionalizar a marca e de inserção do mercado de rebocadores brasileiros no mapa mundial do segmento.

“Revisamos a forma como estávamos organizados, os sistemas internos de processamento de informações e até mesmo de faturamento. Estabelecemos alguns representantes internacionais para alcançarmos mais adequadamente mercados europeu e asiático. Muito em função da necessidade que tínhamos — não de internacionalizar a empresa, mas de internacionalizar a marca”, contou o CEO da Sulnorte, Luiz Felipe Antunes Gouvêa (foto), em entrevista exclusiva à Portos e Navios.
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Gouvêa destacou que a empresa conseguiu firmar contratos de relacionamento longevos com importantes armadores internacionais. Ele disse que a Sulnorte atende operações de celulose, produtos químicos e o segmento de petróleo, mas que o maior foco atualmente está ligado a navios que transportam commodities agrícolas. Há três anos, a empresa iniciou operação em Santarém (PA), em virtude do potencial identificado na região e que aumentou a partir da conclusão das obras da BR-163 e do porto de Miritituba (PA), por onde são embarcados grandes volumes de soja que são transbordados em Santarém. Outra aposta no sistema de exportação da calha norte foi a abertura de uma filial em Vila do Conde (PA). “A expansão da Sulnorte está muito associada à região Norte. Existem alguns portos lá que, dentro do programa de construção, expansão e renovação de frota, ainda precisamos ingressar”, projetou Gouvêa.

O CEO da Sulnorte disse ainda que a empresa acompanha o movimento de alianças comerciais estratégicas no segmento de rebocadores, similares às joint ventures que ocorrem no transporte marítimo de contêineres. “Estamos sendo provocados a entender como outros players em outros países operam e de que forma poderemos buscar sinergias a fim de oferecer serviço melhor para nossos clientes”, ressaltou.

No final de 2019, a Sulnorte firmou uma aliança comercial com a chilena CPT, com objetivo de otimizar o negócio através do compartilhamento de informações. Segundo Gouvêa, a estratégia foi no sentido de oferecer um serviço melhor em relação à cobertura e dar oportunidade de trocar informações e identificar sinergias e melhores práticas com outro operador.

Para Gouvêa, o setor vive um momento de muita mudanças mundialmente com as consolidações que aconteceram nos últimos seis meses e que provavelmente devem continuar. A leitura da Sulnorte é que existem empresas muito capitalizadas e buscando, dentro de suas estratégias, uma expansão maior do que fizeram até agora. “Acompanhamos as alianças que estão acontecendo no mercado mundial. O crescimento das empresas foi súbito e não planejado ou previsto. Empresas como a nossa e outras 66, naturalmente, vão ser provocadas — assim como fomos — a internacionalizar mais a nossa marca”, avaliou.

No mundo, existem em torno de 70 empresas de rebocadores com contratos e atuação relevantes no mercado. Esse universo abrange desde empresas com frota de 5 rebocadores até 700 unidades, no caso do maior operador do mundo. A consolidação se concentra em 3 a 4 empresas com as maiores frotas do mercado global sobre 66 a 67 outras empresas médias ou pequenas, de administração familiar, de capital aberto ou fechado.

“Acreditamos que alguma mudança vai acontecer, na forma como essas empresas concorrem e se apresentam ao mercado. Da mesma forma em que acreditamos que o mercado para essas empresas ‘locais’ continuará existindo, uma vez que nem todo armador atribui o mesmo valor à cobertura oferecida mundialmente no segmento de grãos. Temos um segmento que trabalha com serviços não regulares (spot), em que o armador não se amarra em contratos de longo prazo”, analisou.

Frota
A Sulnorte emprega 20 rebocadores próprios e 6 afretados. Dessas 26 embarcações, 19 são de propulsão azimutal, com tração estática (bollard pull) variando entre 40 e 70 toneladas. As outras 7 unidades são rebocadores de 2 eixos com controle independente de lemes. “Esse sistema traz características à manobra que se aproximam mais do que é oferecido por um rebocador azimutal e tende a se comportar e se posicionar dessa forma. Foi um projeto desenvolvido internamente visando a eficiência e a empregabilidade delas de forma estendida”, ressaltou Gouvêa.

No médio prazo, a Sulnorte enxerga uma demanda de 10 embarcações, parte delas para renovação, parte para expansão. Em junho, o Estaleiro Rio Maguari (PA) iniciou a construção de um novo rebocador da Sulnorte, que terá 60 toneladas de BP. A embarcação, com projeto da canadense Robert Allan Ltd., tem previsão de entrega em fevereiro de 2024. Gouvêa disse que é um rebocador portuário com 24 metros de comprimento, pensado para atracação, desatracação e para operações especiais de menor porte. A embarcação será equipada com motores Caterpillar e propulsores Kongsberg.

Há duas semanas, o Banco do Nordeste (BNB), agente do Fundo de Marinha Mercante (FMM), aprovou o financiamento de mais dois rebocadores da Sulnorte. A empresa pretende lançar nas próximas semanas o bid para a escolha do estaleiro nas para construção dessas embarcações. “Temos um projeto definido, aprovado no FMM de um rebocador de 25m, um pouco maior, com mais atributos para sua operação. Decidimos que esses dois serão de 23m, mas com capacidade de tração estática maior, de 75 toneladas de BP”, detalhou.

Cabotagem e offshore
Gouvêa acrescentou que, apesar de não haver projetos ou planos concretos, existe um desejo de a empresa um dia retomar a participação em mercados de apoio marítimo e de cabotagem, que estão no DNA do grupo H. Dantas, que completa 109 anos em 2023. “Hoje, somos 100% focados no mercado de apoio portuário. Nascemos de uma companhia de navegação que fazia cabotagem de granéis e fazia algum longo curso desde 1914 (H. Dantas). Não está no nosso plano de negócios, mas é desejo da empresa e dos sócios retomar um dia esse negócio de navegação”, revelou.

Estaleiro
O grupo H. Dantas também reavalia o foco do Estaleiro Santa Cruz (SE), que atualmente está sem atividades, e pode se candidatar futuramente a projetos de descomissionamento. A principal oportunidade no radar é a conversão da instalação em um terminal de uso privado (TUP) e oferta de um cais acostável dentro do Rio Sergipe. Gouvêa afirma que a região em Barra dos Coqueiros onde o estaleiro está localizado é a mais próxima das 22 plataformas de petróleo que serão descomissionadas pela Petrobras nos próximos anos.

“Estamos nos aprofundando em estudos, contratamos uma consultoria. Estamos empolgados com esse projeto e buscando parceiros nesse sentido. O principal desafio hoje está relacionado à engenharia reversa”, contou. Outra obra a ser feita para viabilizar projeto é a dragagem para acabar com as restrições de acesso, bem como obras para estaqueamento e construção de um cais compatível com atracação e amarração de embarcações e balsas, PSVs (transporte de suprimentos) e rebocadores que possam entrar no rio.

Fonte: Revista Portos e Navios