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Clippings - 22/09/10

Termina hoje o prazo para reserva de Petrobras

São PAULO – Hoje é o último dia para quem quer participar da oferta da Petrobras, a maior já feita na história. O investidor poderá reservar as ações diretamente, em uma corretora onde tenha conta, ou via fundos de investimento criados por grandes bancos especialmente para a operação. No caso das corretoras, a aplicação mínima é de R$ 1 mil e, nos fundos, de R$ 200,00.

O horário final para as reservas varia de corretora para corretora. Nas independentes, entre 15 e 16 horas. No caso do Bradesco vai até às 16h30. No Itaú e no Banco do Brasil termina às 17h. Ainda é possível abrir cadastro hoje em algumas corretoras, caso do Bradesco. Já no Itaú, o prazo encerrou ontem.

O preço das ações será definido amanhí, de acordo com as ofertas, no chamado bookbuilding (coleta de intenções de investimento), mas uma referência podem ser os preços de fechamento de ontem. A ação preferencial (PN, sem direto a voto) fechou cotada a R$ 26,35 e a ordinária (ON, com direito a voto), a R$ 29,80. Os fundos só poderão comprar papéis PN.

Quem já era acionista teve o direito de reservar o equivalente a 34% das ações que possuía na oferta prioritária, encerrada semana passada. O que sobrar vai para a oferta geral, que se encerra hoje para o varejo e amanhí para os grandes investidores. Quem reservou papéis na oferta preferencial pode reservar mais na de varejo. A venda dependerá, porém, do que sobrar.

Um analista de uma corretora conta que 60% de seus clientes aderiram à oferta da Petrobras, mas que 40% deles limitaram à adesão a um determinado preço, com uma média entre R$ 25,00 e R$ 26,00. Muita gente deixou de participar da oferta, diz ele. A operação vai ser um sucesso, não há dúvida, por conta da participação do governo, mas se o processo tivesse sido feito com mais calma, às claras, poderia ter sido muito melhor (a adesão do varejo).

Já um operador de outra corretora aponta que metade dos clientes da casa se interessaram pela oferta da Petrobras e, desses, 95% participaram da primeira etapa, a prioritária. O mercado está bem dividido sobre participar ou não, diz ele. A oferta não é uma unanimidade como foi o caso das ações da BM&F, e há uma limitação de preço entre R$ 27,00 e R$ 28,00.

Os analistas se dividem sobre a atratividade do papel. A maioria acha que a Petrobras que surgirá com o pré-sal será uma empresa totalmente nova, que vai ter de usar novas técnicas para retirar o óleo de áreas mais profundas. Há ainda a incerteza sobre a viabilidade econômica dos campos e com relação à quantidade de óleo e ao preço que a estatal pagará ao governo pelo barril, US$ 8,50 na média. De positivo, os analistas citam o fato de que a Petrobras é a única grande empresa petrolífera que está ampliando suas reservas. Além disso, a empresa é uma das maiores especialistas em exploração em águas profundas, o que aumentam as chances de sucesso na exploração do pré-sal.

Os riscos de exploração em águas profundas se tornaram mais claros após o acidente com a BP no Golfo do México, e que deve levar a maiores restrições por parte dos investidores e governos, observa William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas. Não vejo a compra das ações como um negócio espetacular, mas é uma boa diversificação, diz. Ele cita ainda a interferência do governo na gestão da empresa, que distribui mais dividendo quando a União precisa fechar o orçamento federal, lembra.

Na avaliação de Ricardo Torres, professor de Finanças da Brazilian Business School, a oferta não afastará as dúvidas dos investidores com relação aos papéis da Petrobras e, como o mercado será inundado por ações da empresa, será possível mais tarde comprar os ativos por um preço mais barato do que o da oferta. Para viabilizar a exploração do pré-sal, a empresa dobrará de valor e o investidor estará aplicando no fluxo de caixa futuro, sem falar em dividendos menores agora.

Já um executivo de um escritório de aconselhamento financeiro avalia que a adesão à oferta vale a pena para o investidor que tem visão de longo prazo, de pelo menos três anos. O papel da Petrobras apanhou bastante desde o anúncio da capitalização e, mesmo sem o pré-sal, a ação se mostra interessante, diz.

Segundo ele, levando-se em conta a relação preço/lucro (P/L, que dá uma ideia do prazo para obter retorno com o papel), a Petrobras só estaria mais cara do que a BP, que perdeu muito valor com o acidente no Golfo do México. Apesar da avaliação, ele diz que a adesão de seus clientes foi pouca. O pequeno investidor já percebeu que esta não é uma oferta para ’flipar’ (comprar e vender no dia seguinte), afirma. Por conta disso, ele não acredita que possa haver um problema no sistema de negociação da bolsa, a exemplo do que ocorreu na época da oferta da BM&F. Mas também não me surpreenderia se isso ocorresse.

Celso Viana Cardoso, professor da Trader Brasil, considera o modelo de aumento de capital bastante injusto. O governo pagará as ações com a cessão onerosa dos barris e o minoritário com dinheiro, explica. Quem formou uma carteira grande de Petrobras durante 10, 20 anos não terá como acompanhar o aumento e será diluído, ou seja, receberá menos dividendos proporcionais, observa. Para Cardoso, o mercado pune também a falta de transparência no processo de aumento de capital, o que fez a ação PN cair 26,58% no ano. A queda reflete também o efeito da diluição dos minoritários com o aumento de capital de 34%.

Quem está em dúvida se compra as ações direto ou via fundo deve analisar o valor da aplicação e os custos, tanto das carteiras dos bancos quanto das corretoras. No caso dos bancos, as taxas de administração cobradas variam de 0,5% ao ano, na Caixa Econômica Federal, a 2%, no Itaú, Banco do Brasil e Santander. Já as corretoras cobram taxa de corretagem, que pode ser fixa, variando entre R$ 10 e R$ 20, ou variável, de acordo com um percentual sobre o valor da operação. Mas não há corretagem na compra via oferta pública, somente na hora que o investidor for vender os papéis. Além disso, as corretoras cobram mensalmente cerca de R$ 10,00 pela guarda (custódia) das ações.

A vantagem da compra direta é que os valores vendidos até R$ 20 mil por mês estão isentos, enquanto qualquer resgate em fundos de ações paga 15% de imposto. O investidor deve analisar esses custos e comparar as duas opções. Em geral, a aplicação em fundo vale a pena para aplicações menores, de até R$ 5 mil, no caso de a taxa de administração ser de 2% ao ano, e até R$ 20 mil se a taxa é de 0,5%. Para valores maiores, a compra direta é indicada.