Treinamento de resposta à emergência em caso de vazamento de óleo no mar utilizou os quatro simuladores de navegação do Centro de Simuladores Marítimo e Hidroviário, pela primeira vez
A Transpetro utilizou pela primeira vez, nesta quinta-feira (10), os simuladores de navegação para testar todas as etapas e fluxos para ocorrências de vazamento de óleo no mar. A atividade ocorreu no Centro de Simuladores Marítimo e Hidroviário, na Academia Transpetro, no Rio de Janeiro (RJ), em um treinamento de resposta à emergência.
De acordo com o gerente executivo de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da companhia, Raildo Viana, os participantes do treinamento simulam um caso real. Os simuladores, portanto, devem trabalhar as atividades de entrada e saída do porto, bem como as ações necessárias para as tomadas de decisão acerca de situações como o derramamento de óleo.
O comandante Gilberto Maciel, consultor da Transpetro responsável pelo Centro de Simuladores, destacou que, apesar de não ser possível simular uma situação em que há avaria na embarcação, é possível simular avarias no maquinário e no leme dos navios.
“Com isso, a gente vai treinando as respostas, as tomadas de decisão nas situações de crise da tripulação, sempre buscando deixar a equipe preparada para navegar com segurança”, explicou Maciel.
O simulado de resposta à emergência com o uso do Centro de Simuladores Marítimo e Hidroviário integra a agenda do 1º Workshop de Contingência da Transpetro. O evento reúne, além dos profissionais da companhia, representantes de instituições que atuam em situações de combate a emergências, como Petrobras, Ibama, Marinha do Brasil, Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, ICMBio e Sociedade Latino-Americana de Operadores de Terminais Marítimos de Petróleo e Monoboias (SLOM).
Centro de Simuladores Marítimo e Hidroviário
A tecnologia do centro de simuladores é 100% brasileira, sendo fruto de uma parceria entre a Transpetro, o centro de pesquisa da Petrobras (Cenpes) e a Universidade de São Paulo (USP). O código fonte dos simuladores é detido pela Transpetro, e a empresa responsável por colaborar neste empreendimento foi a Technomar – à época uma startup incubada na USP.
Atualmente, a propriedade intelectual do código fonte é da Technomar, mas a propriedade comercial é da Transpetro. Segundo Viana, o simulador possui três pilares: o realismo físico, o realismo ambiental e o realismo hidrodinâmico. Este último possui uma resposta com 100% de realismo, segundo o gerente.
O centro possui quatro simuladores, os quais podem operar em tempo real ou com análise rápida a partir de simulações customizadas. Os equipamentos podem ser utilizados simultaneamente e de forma integrada, garantindo que as equipes de bordo, náutica e máquinas atuem em conjunto.
Um dos simuladores é o Full-Mission, que recria o passadiço – local onde o comandante orienta a direção do navio –, com 31 monitores que simulam uma visão horizontal total de 360 graus. Nele, há a reprodução de todos os equipamentos de controle da navegação.
Já os simuladores de navegação Part-Task são dois, cada um com seis monitores com visual frontal de 180 graus e vista para a popa do navio. Esses simuladores possuem recursos e equipamentos parciais, utilizados normalmente para representar embarcações de menor porte, como barcos de apoio.
Por último, há o simulador da praça de máquinas que, a partir de 20 monitores e diversos consoles, reproduz o Centro de Controle de Máquinas e a Praça de Máquinas, onde são monitoradas e operadas as funções vitais no navio, como geração e distribuição de energia e propulsão.
Nestes simuladores, há dez navios modelados (navios gaseiros, do tipo Suezmax e PSVs), a fim de oferecer ao mercado opções para realizar algum treinamento ou análise de engenharia. Além disso, a tecnologia permite possibilidades de cenários em todos os portos do Brasil, bem como na Cingapura e na Bahía Blanca (cidade na província de Buenos Aires, na Argentina).
Foto: simulador Full-Mission (Foto: Divulgação Transpetro)
Desde 2016, a Transpetro realizou mais de 2,2 mil horas de treinamento em simuladores, e, em 2024, já foram feitos cerca de 1,7 mil simulados. De acordo com a companhia, o simulador é o primeiro do Brasil a ser certificado internacionalmente pela Sociedade Classificadora DNV.
Adicionalmente, a Transpetro oferece, desde 2021, treinamentos e serviços para outras empresas, como análise de engenharia. A empresa interessada contacta a Transpetro para simular ou avaliar a operação de sua embarcação em um porto, por exemplo, entre outras situações específicas.
O espaço também contribui para formação e capacitação de futuros oficiais, por meio de parceria firmada com o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), da Marinha do Brasil, que recebe alunos da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm) para exercícios práticos nos simuladores.
No dia 7 de novembro, a Organização dos Estados Americanos (OEA) irá reconhecer o Centro de Simuladores como vencedor na categoria “Transformação Tecnológica” durante o 2024 CIP-OAS Maritime Award of the Americas, premiação que será realizada na Guatemala. Além deste prêmio, o centro já ganhou o Prêmio ANP 2019 de Inovação Tecnológica, o Prêmio ANTAQ 2019 na categoria de Iniciativas Inovadoras e o Prêmio Marítimo das Américas 2024 pela OEA.
Fone: Revista Brasil Energia