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Clippings - 20/06/11

Um iate por R$ 4,9 milhões em leilão aberto ao público

R$ 4.9 milhões. Esse é o lance mínimo da maior e mais cara mercadoria a ser leiloada pela Alfândega de Santos: um iate modelo GFT-98, com 28,35 metros de comprimento e capacidade para abrigar 17 pessoas em pernoite. A embarcação será colocada à venda ao público em geral (pessoas físicas) amanhí, no primeiro leilão presencial (com os interessados presentes) realizado pela Aduana desde a implantação das sessões virtuais (pela internet) em dezembro último. A disputa terá início às 10 horas no auditório da Alfândega, na Praça da República s/nº, no Centro de Santos. Segundo o órgão, o iate foi apreendido em meados do ano passado por fraude na sua importação. Apesar do alto valor, o leilão deverá atrair a atenção da população. Isso porque não é comum a realização de sessões voltadas a pessoas físicas. Tradicionalmente, elas são destinadas a empresas (pessoas jurídicas), cadastradas na Receita Federal. O último leilão voltado ao público ocorreu em junho do ano passado. Na ocasião, os automóveis foram destaque. Uma empresária da Capital chegou a arrematar quatro veículos por R$ 1,4 milhão. Foram dois Porsches, uma Ferrari e um Hummer. Dessa vez, a estrela da sessão será uma embarcação de alto luxo, construída em 2005 pelo estaleiro santista MCP Yatchs e que já foi apresentada em feiras náuticas internacionais, como a de Cannes (França), em2006. Encomendado ao MCP por um cliente estrangeiro, o iate, que lembra um pequeno navio, ficou pronto em abril de 2006. Sua primeira viagem foi uma travessia do Atlântico, do Brasil à Europa, para ser entregue ao comprador, que deu ao barco o nome de My Shambhala. Ao recebê-lo, o proprietário resolveu refazer a viagem, em sentido contrário, para usufruir das belezas da costa brasileira. Segundo o estaleiro, o dono da embarcação, quando ela foi apreendida, já não era a pessoa que a havia encomendado. A empresa afirmou que não teve contato com esse novo proprietário. PROJETO O engenheiro naval Manoel Chaves, proprietário do MCP, tem um carinho especial pelo iate. Ele comandou a embarcação no trecho inicial de sua viagem entre o Brasil e a Europa. Chaves embarcou no Iate Clube de Santos, em Guarujá, em 13 de abril de 2006. O desembarque ocorreu no Recife (PE), quatro dias depois. O engenheiro percorreu 1.280 milhas náuticas (2.370,56 quilômetros) em 126,5 horas de viagem. Tenho barcos projetados por mim, como engenheiro, por todos os continentes. O Shambhala, nosso primeiro GFT-98, tem uma história especial para nós. Não tenho como negar que o My Shambhala, devido a tudo o que foi vivido nele, com as pessoas amigas que participaram do seu projeto e primeiras navegações, sou obrigado a confessar que (lhe) dedico uma paixão diferenciada. Que me perdoemos demais `filhos’ já existentes e aqueles que estão por vir, disse Chaves no final de seu relato sobre a primeira viagem do iate. A íntegra do texto pode ser conferida no site da MCP Yachts (www. mcpyachts.com.br) CARACTERÍSTICAS No endereço eletrônico do estaleiro, as características e a grandiosidade da embarcação surpreendem. A sigla GFT indica que o iate é um Global Fast Trawler ou, na tradução, um trawler rápido global. Um trawler é um tipo de barco robusto, preparado para grandes viagens e com o conforto de uma casa. O Shambhala tem cinco camarotes, oito banheiros e acomodações para quatro tripulantes. A suíte master fica no deque principal. Já no inferior estão quatro suítes, todas com banheira. Um quinto quarto pode ser utilizado para hóspedes ou como um reforço para a tripulação. O acesso ao deque superior se dá por uma escadaria. No local, os visitantes poderão encontrar uma extensa área de lazer, onde é possível montar uma sala de jantar com ar-condicionado. Em alumínio e com linhas arredondadas e modernas, o iate apresenta diferenciais em seus espaços internos e externos. Isso sem contar a velocidade, garantida por motores caterpillar e um casco leve. Problemas em documentos provocam apreensão Fraude frequentemente descoberta nas operações de vigilância aduaneira da Alfândega, a falsidade ideológica de documentos foi a irregularidade que levou a Receita Federal a apreender o iate GFT-98 no ano passado. Conforme explicou o presidente da comissão de leilões da Aduana, Pascoal Roberto Veneroso, foi comprovada a falsidade ideológica dos documentos apresentados no procedimento aduaneiro especial de admissão temporária da embarcação. A infração ficou caracterizada pois o barco estrangeiro estava em circulação comercial no País sem que sua importação fosse comprovada. O real proprietário utilizou-se de uma empresa para ocultar o verdadeiro dono da embarcação, que a utilizava desde 2008. A admissão temporária é um regime especial que se aplica ao veículo de viajante não residente, explicou Veneroso. Segundo ele, nesse caso, houve uma simulação para fraudar a operação de importação do bem, uma interposição fraudulenta de terceiros. Diante dessas evidências, a Alfândega levou a GFT-98 a perdimento e, agora, a leilão. Sobre o valor mínimo estipulado para a venda do iate, Veneroso mencionou que foram utilizados parâmetros como o valor do auto de infração e um anúncio do mesmo iate em um site americano.