A Usiminas apresentou ontem a executivos da indústria naval uma tecnologia que está implantando na usina de Ipatinga, em Minas Gerais, para fornecer à Petrobras e outras empresas chapas grossas de alta resistência que podem ser usadas na construção de navios, plataformas e na fabricação de tubos de aço. A novidade consiste em acoplar à linha de produção um equipamento de resfriamento acelerado de chapas grossas, disse Sérgio de Andrade, vice-presidente de negócios da Usiminas.
A previsão da empresa é começar a vender as novas chapas de aço a partir de 2011 já de olho na demanda de equipamentos do pré-sal. Esse aço será produzido a partir de tecnologia desenvolvida pela Nippon Steel, uma das controladoras da Usiminas, e leva a marca CLC (sigla em inglês para Continuous Line Control), algo como controle contínuo de processo. Por meio de um acordo, a companhia brasileira comprou o equipamento para produção do aço de alta resistência e fez um acordo de transferência de tecnologia com a Nippon Steel.
Os termos do acordo são confidenciais, mas um investimento como esse, incluindo a aquisição do equipamento e da tecnologia, situa-se entre US$ 500 milhões e US$ 800 milhões. Mas são os royalties pelo uso da tecnologia que definirão o valor final a ser pago pela Usiminas à Nippon no negócio.
Andrade disse que a tendência mundial, hoje, nos principais mercados offshore, é utilizar 100% de chapas grossas de alta resistência na montagem de plataformas. Na indústria naval, de construção de navios, o percentual fica entre 30% e 40%. Andrade participou, ontem, de encontro sobre tecnologia de construção naval e offshore promovido pelo Programa de Mobilização Nacional da Indústria de Petróleo e Gás Natural (Prominp).
Na apresentação, ele projetou que a demanda da indústria naval por chapas grossas no mercado brasileiro, entre 2010 e 2020, poderá situar-se, em média, em 156 mil toneladas por ano. Aplicando-se a tendência internacional, 30% a 40% desse volume poderiam ser chapas de alta resistência. No segmento offshore, a demanda no mesmo perãodo deverá ser de 32 mil toneladas por ano, sendo 100% do novo produto. Leonardo Turani, analista de marketing da Usiminas, disse que os volumes estimados até 2020 consideram os projetos já anunciados pela Petrobras.
Segundo Turani, , a Nippon Steel desenvolveu o equipamento de resfriamento acelerado de chapas na década de 80, mas levou anos para aprimorá-lo. Só nos últimos dez anos, disse ele, a indústria naval e offshore japonesa passou a utilizar o aço produzido a partir da tecnologia. É a primeira vez que a Nippon transfere a tecnologia e a venda do equipamento, disse Turani.
A unidade de resfriamento já está sendo montada na linha de chapas grossas de Ipatinga. Uma primeira equipe da Usiminas foi treinada no Japão e deve voltar ao país no segundo semestre. O acordo envolve ainda troca de experiências nas áreas de marketing e assistência técnica.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes, do Rio