Apesar da forte competitividade no mercado internacional e do excesso de aço no mundo, a Usiminas espera ampliar suas vendas ao exterior nos três últimos meses de 2010.
Os negócios lá fora estão desaquecidos, mas já conseguimos fechar exportações [para o quarto trimestre] 70% maiores que as registradas no terceiro trimestre, afirmou o vice-presidente de Negócios da Usiminas, Sérgio Leite, em teleconferência.
Entre julho e setembro, a siderúrgica destinou 315 mil toneladas ao mercado externo, o correspondente a 20% de suas vendas totais no perãodo. O número ficou 18% abaixo do registrado no segundo trimestre, embora tenha sido verificado crescimento de 80% nos negócios com a Argentina e de 82% com a China.
Considerando o aumento projetado para as vendas ao exterior e o câmbio desfavorável, a empresa já espera uma redução de margem nos últimos meses do ano. No terceiro trimestre, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 22,7%, apresentando queda de 1,6 ponto percentual em relação aos três meses anteriores.
A intensa entrada de aço estrangeiro no Brasil neste ano vem afetando as operações da companhia no mercado interno. No terceiro trimestre, as vendas domésticas recuaram 14%, para 1,2 milhão de toneladas. Estamos praticando descontos devido à grande oferta no mercado, revelou o presidente da companhia, Wilson Brumer.
Segundo ele, estão sobrando 600 milhões de toneladas de aço no mercado. Nos nove primeiros meses de 2010, entraram no Brasil 4,4 milhões de toneladas de aço, o dobro do contabilizado em todo o ano passado. Frente a 2007, perãodo anterior à crise global, houve aumento de 168% nas importações de aço.
Esse crescimento deve ser um ponto de reflexão para o governo, pois embute o risco de perdermos cadeias produtivas, disse Brumer. Não sou defensor do protecionismo. Acho que temos que nos abrir para o comércio internacional, mas isso precisa ser feito com as ferramentas adequadas, complementou.
Para o presidente da Usiminas, a questão vai além da valorização do real frente ao dólar. Ela envolve desde a necessidade de mudanças no sistema de tributação até melhorias nas análises de processos antidumping.
Mesmo diante de um cenário desfavorável, a siderúrgica manteve suas projeções de investimento para 2010 em R$ 3,2 bilhões. Em 2011, deverão ser investidos R$ 2,7 bilhões e, em 2012, mais R$ 1,1 bilhão. Agregar valor aos nossos produtos é uma das formas de nos tornarmos mais competitivos. Estamos preparando a empresa para isso, comentou Brumer.