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Clippings - 26/06/09

Vale amplia gastos em exploração e tem interesse no pré-sal

Ao aumentar seus investimentos na exploração de gás, com mais uma parceria com a Petrobras, a Vale quer dar continuidade à estratégia de diversificar suas fontes energéticas. Ontem, as duas empresas assinaram um memorando de entendimento pelo qual Vale assume 25% de participação em três concessões detidas pela estatal no bloco BM-ES-22, na bacia do Espírito Santo. No setor, operações desse tipo são conhecidas como farm-in.

Se a Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovar a parceria no BM-ES-22, a Vale passará a ter 29 concessões exploratórias no Brasil. Dessas, 25 serão com Petrobras. A mineradora estreou no setor de óleo e gás em 2007, quando participou da 9ª Rodada de Licitações da ANP, adquirindo nove áreas. As aquisições posteriores foram feitas por meio do modelo farm-in. A Vale tem ainda parcerias com Shell, Devon, Ecopetrol, Eni, BG, Repsol, Woodside e Maersk.

Agnelli admitiu interesse pelo pré-sal, mas observou que olha como curioso uma possível participação em áreas de exploração nesses campos. Ponderou que é preciso aguardar a nova regulamentação. Vamos ver o que vem em termos de regulamentação, o tamanho desses blocos e o potencial de investimento. Somos uma empresa pequena neste negócio e não temos nenhum sonho de ser grande produtor de gás ou de petróleo, afirmou Agnelli.

Gabrielli, que estava ao seu lado, também disse que não é possível fazer qualquer negociação comercial na área do pré-sal ponderando ainda que ela está sob avaliação do governo, que trabalha no esboço de um novo marco regulatório para a região. Para uma empresa de fora entrar em áreas do pré-sal terá que comprar participação em blocos já licitados ou se associar à nova estatal que o governo pretende criar e cuja operação ainda está sendo discutida no âmbito da comissão interministerial encarregada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um novo marco regulatório para o pré-sal. Apenas 34% da área delimitada pela Petrobras como pré-sal está sob concessão. Dessas, mais de 60% estão com a Petrobras, que tem vários sócios.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, justificou o interesse na exploração de gás explicando que a companhia tem potencial de consumir 6 milhões de metros cúbicos do insumo por dia, equivalentes a 13,3% do atual consumo brasileiro, mas hoje esse consumo é de apenas 2 milhões ao dia. Com uma maior disponibilidade do insumo, a Vale pode ampliar o uso de gás, introduzindo na movimentação de suas locomotivas, para fazere redução de minério em projetos de pelotização e na geração de energia elétrica.

Segundo Agnelli, a parceria com a Petrobras abre uma avenida enorme para a Vale explorar as possibilidades que tem o gás natural. Para o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, a vantagem de ter a Vale como sócia está em dividir o risco exploratório, que não é comum entre produtor e cliente final. Isso aumenta a eficiência da cadeia como um todo, ressaltou Gabrielli, frisando que a parceria não detalha questões ligadas à comercialização e nem a logística de gás natural.

O investimento da Vale orçado para explorar gás foi de US$ 60 milhões em 2008 e poderá chegar a US$ 260 milhões neste ano, segundo Agnelli, mas ele espera redução de custos. O que virá em seguida vai depender dos estudos e resultados, lembrou o executivo.

Pela nova Lei do Gás, a Vale poderá se enquadrar como auto-produtor se encontrar um reservatório de gás. E se consumir em suas próprias instalações, a companhia não terá de pagar pelo uso do transporte, apenas uma tarifa de operação e manutenção do gasoduto. Antes da nova lei, a movimentação do gás numa concessão era exclusividade da distribuidora estadual. A do Espírito Santo é 100% operada pela da BR Distribuidora.