O presidente da Vale, Murilo Pinto Ferreira, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, pretende garantir seu mercado cativo de minério de ferro no Brasil impulsionando siderúrgicas. Em um encontro de mais de uma hora com a presidente Dilma Rousseff, durante o qual expôs todos os empreendimentos tocados pela empresa no Brasil e exterior, falou sobre os três projetos de instalação de siderúrgicas, com destaque para a Alpa, usina prevista para o Pará.
A Vale tinha 70% do mercado interno de fornecimento de minério de ferro. Hoje estamos com cerca de 50%. Em 2014, a previsão é de 29%. Queremos recuperar nossa participação e, para isto, estamos agindo como indutores de projetos, afirma. O executivo disse que no segundo semestre vai levar à apreciação do conselho da Vale os projetos do Pará e do Ceará. No de Pecém (CE), a Vale se associou com as coreanas Posco e Dongkuk e terá fatia inicial de 50%, que cairá para 20% entre 2013/14. No do Pará, a fatia inicial é de 100%. A Vale é uma mineradora, mas não devo esquecer que siderurgia e energia são prioritárias para nosso futuro, diz.
Uma das primeiras medidas de sua gestão foi solicitar uma análise de risco de todos os projetos da companhia. O executivo, que substituiu Roger Agnelli, quer se inteirar de todas as fases de cada projeto e da viabilidade econômico-financeira de cada um. A carteira da Vale, presente em 24 países, é enorme e prevê investimento de US$ 24 bilhões apenas neste ano. Deverei recebê-la nos próximos 30 a 40 dias. Não é nenhuma auditoria, é uma avaliação interna, conta. Segundo Ferreira, não há plano de revisão dos investimentos. Todo o plano estratégico e o orçamento estão mantidos.
Nesta semana, o executivo inicia sua primeira viagem internacional. Serão 15 dias na Ásia, especialmente China e Japão. Outro compromisso em sua agenda é reunir-se, até o fim de julho, com o governo da Guiné, onde a Vale tem um grande projeto de minério de ferro, considerado o Carajás II. O novo governo do país decidiu rediscutir a concessão do empreendimento. Eles querem discutir todo o pacote, desde mina à ferrovia, informa. Fertilizantes é outra área estratégica nos negócios da Vale, na qual fará grandes investimentos. Aquisições, no entanto, não fazem parte da estratégia.
Nos planos de Ferreira há também um novo negócio: a exploração de terras raras no Triângulo Mineiro e em Goiás, onde a Vale já tem jazidas.