Nos próximos dois anos, o mercado asiático, com destaque para a China, vai responder por cerca de 80% do total de vendas de minério de ferro da Vale no mercado global.
De pouco mais de 300 milhões de toneladas que a companhia coloca no mercado transoceânico, 250 milhões irão para a Ásia, prevê José Carlos Martins, diretor executivo de operações integradas. A Ásia se tornará cada vez mais o principal mercado da Vale.
Para garantir competitividade com os australianos nesse mercado geograficamente distante é preciso ter uma logística eficiente de transporte, defendeu o executivo.
A Vale não pretende abandonar a estratégia de transporte marítimo de minério de ferro por frota própria, pois tem de garantir competitividade ao produto, afirmou. Segundo ele, a nova gestão manteve a estratégia de embarcar minério de ferro sob suas ordens.
A mudança, conforme destacou, será na alocação de capital. A Vale vai priorizar a contratação de embarcações no longo prazo contra a aquisição de supergraneleiros.
Martins admitiu que a empresa poderá vender parte de seus cargueiros Valemax, de um total de 19 encomendados em 2008 ao custo de US$ 2,1 bilhões.
A gente prefere vender e não ter este capital imobilizado. Operamos nessa premissa. Se aparecer alguém com frete competitivo e disposto a comprar nós fazemos acordo com ele.
O executivo não respondeu, porém, a pergunta sobre a venda recente de quatro navios Valemax de 400 mil toneladas. A venda é vinculada a assinatura de um contrato de longo prazo com o comprador, conforme publicou o Valor na edição de ontem.
O executivo se negou a comentar também a possibilidade da empresa se desfazer, em 2012, dos outros 15 meganavios. Esta não é uma informação oficial da companhia, limitou-se a dizer.
Segundo informou, a Vale tem frota de longo curso de 80 navios, dos quais quatro são Valemax e 35 são próprios, incluindo navios menores do tipo Capesize e Panamax.
A ela serão incorporadas mais 15 Valemax comprados a estaleiros chineses e coreanos e mais 16 contratados no longo prazo também na Ásia. Os 16 navios contratados têm contratos de transportar o minério da Vale por 25 anos. Não vamos ficar contratando frete no spot.
Hoje o valor do frete Brasil-China baixou e está na casa dos US$ 30 a tonelada, contra US$ 10 a US$ 12 a tonelada do frete pago pelo minério australiano.
Martins garante que a estratégia da Vale no transporte marítimo tem dado certo. A empresa, na média, paga frete de US$ 25 pela viagem de seu minério à China, contra US$ 30 no mercado spot.
A intenção de vender os navios não foi influenciada pela restrição de aportar navios de 400 mil toneladas nos portos chineses.
A companhia tem plano B para garantir a entrada do minério transportado pelos Valemax na China. O diretor atribuiu a negativa dos portos chineses em receber os supercargueiros a problemas técnicos, como a falta de capacidade dos portos de receber navios de 400 mil toneladas.
O plano alternativo da Vale para os megacargueiros enviarem minério para China já saiu do papel e envolveu a construção de dois centros de distribuição de minério na Ásia e no Oriente Médio e adaptação do porto de Tubarão, em Vitória.
Em 2011 o centro de distribuição de Omí entrou em operação e em 2014, o centro de distribuição de minério de ferro na Malásia será inaugurado. Os centros de distribuição recebem os supercargueiros e passam o minério para navios menores.