A razão entre a quantidade de óleo vazado e produzido em operações do setor petróleo no Brasil cresceu significativamente entre 2009 e 2010, ultrapassando a média da Europa.
No ano passado, foi registrada média próxima a 2 toneladas de óleo vazadas por milhão de toneladas produzidas no país, segundo dados do IBP.
De acordo com o presidente do instituto, João Carlos De Luca, o crescimento é consequência do aumento na perfuração de poços no país.
A maior parte dos casos aconteceu em operações onshore – em 2010, foram perfurados no país 800 poços, sendo cerca de 550 em terra.
O executivo lembra ainda que muitos dos vazamentos também se deram em atividades de refino (midstream) e distribuição (downstream).
Apesar da elevação do índice de vazamentos, o Brasil registrou, nos últimos cinco anos, média inferior a da maior parte dos países produtores do mundo.
Segundo os dados do IBP, a África e o Oriente Médio elevaram significativamente a média mundial nos últimos dois anos em função de acidentes devido a guerras.
Já a América do Norte vem apresentando decréscimo nessa relação, mas ainda se mantém no patamar de 2,1 t de óleo vazado por milhão de tonelada produzida (sem contar o acidente em Macondo, no Golfo do México).
Segundo De Luca, o Brasil está preparado para suportar o aumento do número de operações de E&P nos próximos anos sem prejudicar o meio-ambiente.
“Estamos operando dentro dos melhores padrões internacionais de segurança”, observou o dirigente, destacando que a ANP vem adotando uma das metodologias de auditorias mais rigorosas do mundo, a ponto de dar consultorias para outros governos.
De Luca ressaltou ainda que o IBP vem oferecendo cursos para técnicos do Ibama. Somente entre 2010 e este ano, foram mais de 50 técnicos treinados.
Ele admitiu, contudo, que os planos de contingência precisam ser aperfeiçoados. Para isso, o IBP está discutindo a criação de um Comitê de Emergência Operacional para propor, entre outros tópicos, a disponibilização dos Planos de Emergência Individual (PEI) de cada bacia sedimentar a todas as operadoras, a fim de acelerar o acesso a informações sobre a infraestrutura de contingência de cada empresa.
O dirigente admitiu, no entanto, que ainda é preciso adquirir maior conhecimento sobre o uso de dispersantes químicos para absorção de óleo vazado, de acordo com cada tipo de óleo e local da costa e que o país precisa regulamentar a queima de óleo em operações de contingência. “Não há tratamento legal para essa questão no país”, alertou.