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Clippings - 08/08/19

Venda de ativos garante entrada de novas produtoras no Brasil

A venda de ativos da Petrobras está se confirmando como uma oportunidade para pulverizar o número de produtores de óleo e gás no país. Hoje, menos de 7% da produção nacional está nas mãos de companhias privadas, mas o cenário deve mudar em breve.

Apenas com os desinvestimentos confirmados entre janeiro e julho de 2019, quatro companhias ganharam a oportunidade de passar a contribuir para a produção brasileira. Uma delas foi a Karoon, empresa australiana que já estava presente no país apenas com ativos exploratórios, mas que após a compra de 100% da área de Baúna, na Bacia de Santos por US$ 665 milhões, passará também a acumular a operação de um campo em produção.

No momento, o campo tem seis poços produtores, além de três injetores de água e um de gás, mas tem sofrido com o declínio de produção devido à necessidade de reparos em uma bomba submerssível. A expectativa da Karoon é aumentar a produção da área dos atuais 20 mil b/d para 33 mil b/d após US$ 130 milhões em investimentos, com foco inicial no prospecto de Patola.

Até 2022 a companhia pretende conectar o FPSO Cidade de Itajaí, que já está no campo, a dois novos poços a serem perfurados na área. A Karoon espera, no futuro, aumentar as oportunidades de recuperação no campo, além de melhorar o gerenciamento do portfólio. A companhia também vê possibilidade de identificar reservas ainda não desenvolvidas e, para tanto, deve conduzir uma campanha sísmica 4D na área.

“Este ativo estava entre as áreas em produção mais baratas da América do Sul e nós já prestamos atenção nele há anos”, comentou o CEO Robert Hosking após a aquisição.

A Karoon pretende também criar sinergias entre o campo recém comprado e as áreas que explora no país e recentemente declarou comercialidade de Neon e Goiá. A companhia já afirmou que não pretender manter a atual parcela de 100% da concessão dos ativos e está em busca de parceiros.

Outra companhia que aproveitou a oportunidade dos desinvestimentos da Petrobras para concretizar o desejo de entrar no mercado de E&P brasileiro foi a malásia Petronas. A empresa já demonstrava há anos interesse pelo Brasil e chegou a negociar em 2013 com a antiga OGX a compra de uma participação em dois blocos na Bacia de Campos, mas as conversas não foram à frente na época. Com isso, apenas em abril de 2019 a Petronas conseguiu uma fatia de um campo brasileiro, com a aquisição de 50% de Tartaruga Verde, que produz cerca de 103 mil b/d de óleo e 1,2 milhão de m³/d de gás.

Com um negócio fechado no valor de US$1,29 bilhão, a Petronas também assegurou uma participação de 50% no módulo 3 do projeto de Espadarte, previsto para entrar em produção em 2021.

A compra de campos da Petrobras também tem se mostrado um bom negócio para estreantes no setor. A norueguesa BW Offshore, que até 2017 atuava somente no afretamento de embarcações, criou uma divisão de E&P com o objetivo de empregar seus FPSOs próprios para desenvolver áreas. A companhia terá como um de seus primeiros ativos o campo de Maromba, na Bacia de Campos, onde pretende investir US$ 250 milhões em uma primeira fase de desenvolvimento.

A área deve entrar em produção no segundo semestre de 2022 após trabalhos para conectar dois ou três poços a um FPSO operado pela própria companhia. Por enquanto, a previsão é usar a plataforma Berge Helene durante esta primeira fase, quando a produção deve ficar em torno de 20 mil b/d. A expectativa é iniciar uma segunda fase de desenvolvimento entre 2025 e 2028, quando a companhia poderá perfurar mais três ou quatro poços produtores e outros dois injetores de água. No entanto, a empresa já afirmou que pode ir em busca de uma sócia antes de partir para esta nova fase.

Outra estreante no mercado será a Trident Energy, que recentemente anunciou a compra de dez campos em águas rasas na Bacia de Campos (Marimbá, Enchova, Bonito, Enchova Oeste, Bicudo, Piraúna, Badejo, Pampo, Linguado e Trilha), após vencer a corrida pelos polos Pampo e Enchova com uma proposta de US$ 1 bilhão.

Criada em 2017, com sede em Londres, a companhia explica que pretende investir no redesenvolvimento de campos de meia idade, com foco em estender a vida útil dos ativos por meio de melhorias na infraestrutura existente e da reinterpretação de dados para aumentar a produção e encontrar novas reservas. Até então, a empresa operava apenas um campo na Guiné Equatorial, a área de Ceiba. Com a aquisição no Brasil, a Trident assumirá a operação de sete plataformas que, juntas, entregam cerca de 38,7 mil boe/d. As áreas estão entre as primeiras a entrar em operação no offshore brasileiro.

Tudo indica que ainda mais empresas podem ter oportunidades de seguir o mesmo caminho, já que outros campos da Petrobras estão com processo de venda e outros ainda podem entrar nos próximos meses, conforme a companhia se esforça para alcançar a meta de US$ 26,9 bilhões até 2023. Desde janeiro a empresa já iniciou a venda de outras 27 áreas no polo Cricaré, 14 no Polo Recôncavo, oito no Polo Rio Ventura, três no cluster de Peroá e quatro no Polo Tucano Sul, todas sem conclusão anunciada ainda.

 

Fonte: Revista Brasil Energia